quinta-feira, novembro 13

A Graça de Carl Jung


Quem já não presenciou a determinadas ocorrências nas nossas vidas, extraordinárias, silenciosas, batendo à porta da nossa consciência, graciosas e elegantes, tão esperadas como imprevistas, tão densas de significado como de mistério? Extasia-se a Psicologia no seu fascí­nio pelas emergências do subconsciente, do simbolismo revelador dos sonhos, do serendipismo ou "princípio da sincronicidade", conceitos técnicos e pomposos daquilo que há milhares de anos a Teologia e religiões designam, numa palavra, por "Graça". É neste contexto de acontecimentos inesperados e expressivos, ainda fora do alcance das nossas leis naturais, mas que representam horizontes inimagináveis do Eu e do Ele, a explorar certamente, mesmo contra as mais agrilhoadas mentes do dogmatismo científico ou religioso, que não resisti em transcrever a divertidí­ssima e pitoresca experiência do nosso ilustre Carl Jung:

"O meu exemplo refere-se a uma jovem paciente que, apesar dos esforços feitos de ambos os lados, provou ser psicologicamente inacessí­vel. A dificuldade residia no facto de ela saber sempre mais que tudo. A sua educação excelente tinha-a equipado com uma arma feita à medida para o efeito, um racionalismo Cartesiano primorosamente refinado com uma ideia da realidade impecavelmente "geométrica". Depois de várias tentativas frustradas de lhe adoçar o racionalismo com uma compreensão algo mais humana, tive de me reduzir à esperança de que algo inesperado e irracional acontecesse, algo que rompesse a réplica intelectual a que se tinha remetido. Bem, um dia, estava sentado à frente dela, de costas para a janela, ouvindo o fluxo da sua retórica. Tinha tido um sonho impressionante na noite anterior, em que alguém lhe tinha dado um escaravelho de ouro - uma peça de joalharia cara. Enquanto ela me estava a contar o sonho, ouvi qualquer coisa a bater suavemente na janela. Voltei-me e vi que era um insecto voador bastante grande que batia de encontro à vidraça, na tentativa de entrar na sala escura. Isso pareceu-me estranho. Abri a janela imediatamente e apanhei o insecto no ar quando ele entrou. Era um besouro da família dos Escarabídeos, que ataca as roseiras (Cetonia aurata), cuja a cor verde-dourada se parece muito com um escaravelho de ouro. Entreguei o besouro à minha paciente com as palavras, "Aqui tem o seu escaravelho". A experiência abriu a brecha desejada no seu racionalismo e quebrou-lhe o gelo da resistência intelectual. Agora podia continuar o tratamento com resultados satisfatórios."

ou... "Agora sim, vamos a dar início a terapia..." :)))

Comments:
Desculpem a minha ignorancia. Deste á muito tempo que ouço falar do Carl Jung, gostava muito de conhecer melhor a sua obra e pensamento, conhecem algum livro dele que me possam aconselhar.Para me iniciar e conhecer melhor Carl Jung
,obrigado
 
Sim, claro... A melhor obra para se iniciar é o "Homem e os sue ssimbolos"... É uma versão ilustrada que há em português.
carlos
 
Sim, claro... A melhor obra para se iniciar é o "Homem e os seus simbolos"... É uma versão ilustrada que há em português.
carlos
 
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