sexta-feira, novembro 28

A tragédia do Teatro Contemporâneo

Tempos atrás tive a oportunidade de ler "Tragédia de Macbeth" de Shakespeare:

"Será isto um punhal que vejo diante de mim, com o cabo voltado para as minhas mãos? Vem, deixa-me empunhar-te. Não te tenho ainda e contudo sempre te vejo. Visão fatal, não serás tu sensível ao tacto como és à vista? Ou não serás apenas um punhal em pensamento, criação falsa de um cérebro febril?"
Acto II Cena I

"Pareceu-me ouvir uma voz gritar: "Não durmas mais, que Macbeth matou o Sono, o Sono inocente que desfia a emaranhada teia das aflições, morte da vida de cada dia, banho de tarefas mais crúeis, bálsamo de espíritos feridos, segunda grande iguaria da Natureza, alimento principal no festim da Vida..."
Acto II Cena II


Imaginemos pois Macbeth, um homem de área, possante, pai de nenhum filho, numa posse apuradamente teatral: uma das mãos fechadas, um rosto horrorizado, a cabeça ligeiramente pendente na diagonal, e, enquanto discorre de forma harmoniosa e cadenciada suas sentidas reflexões, confronta a trémula mão de falanges ligeiramente contorcidas… meus amigos… isto é teatro. Cansemo-nos pois dos absurdos do “teatro do absurdo”, nos existencialismos “à la Sartre”, nas tentativas de ridicularização do homem, sempre apanhado nas armadilhas do quotidiano… Voltemo-nos antes para as dilacerantes contradições humanas, para as jornadas épicas no maniqueísmo, arrebatados peitos de êxtase e ousadia, doces pesares e melancolias, corações resplandecentes e sublimes sensações oníricas!

Ah glória Antiga, volta-te para nós...


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